quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Precisamos dos dias de chuva para contemplar o sol

Não, não tem sido nada fácil.
Desta vez as dificuldades são de proporções diferentes e nunca experimentadas.
Cansei de me repetir e não mudar absolutamente nada, embora soubesse que teria a opção de esperar a poeira baixar e viver...
Expus as feridas. E tenho quase que diariamente remexendo nelas. Tem dias que chego a cair de joelhos no chão e clamar piedade. Outras, deixo latejar até adormecer.
Constatei que não sou quem gostariam que eu fosse. E vejam bem, já não sei mais quem sou.
Ainda sim, és bem possível me ver por aí, sorrindo!
Tenho descoberto tantas coisas. Poderia passar horas te contando, mas creia em mim, o milagre está em você. Na sua fé e no amor.
Ainda aguardo sentir o perdão em meu peito. E se puder ser perdoada, melhor. Se não puder, ainda sim, seguirei.
Já estive tantas vezes nesse deserto, e todas as vezes nele me perguntava: "porque Senhor?" Me achava ruim e merecedora do castigo.
Até que um belo dia descobri o poder da fé.
E todos os dias minha fé é testada.
Tem dias que caio em cilada, mas tudo bem, amanhã com certeza, será um dia melhor.
E tem dias que é exaltação, amor, alegria, conquistas, vitórias.
"Tudo posso naquele que me fortalece"
Eu clamei por ele, e em reposta ele me disse: aqui estou!
A vida é um milagre e o maior presente que podes receber.
Essa tristeza vai passar.
Essa fase "ruim" também.
O vazio será preenchido.
O medo espantado.
E o paraíso será pequeno para tudo que tens para conquistar.
Creia.
Precisamos dos dias de chuva para contemplar o sol.




segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Liberte sua mente. Questão número um.


 Navegando na internet encontrei um site que continha uma pesquisa dizendo ser as 50 perguntas que irão libertar sua mente. Achei interessante. E pensei largar o questionamento a uma rede social.
A primeira delas foi: “quantos anos você teria se você não soubesse quantos anos você tem?”
E você caro (a) leitor, antes de correr os olhos na leitura, que idade teria?
Achei tão interessante a diversidade das idades respondidas e mais, ninguém dizer que teria a sua própria idade.
Por horas pensei na minha idade e como deveria se sentir uma pessoa de 36 anos. Até pedi ajuda do Google, mas nas respostas, nada foi muito objetivo para me ajudar nesta reflexão.
Quando eu tinha 16 anos, achava que aos 36 anos estaria casada, com três filhos, um emprego do qual seria apaixonada, uma casa própria e estabilidade financeira. O tempo passou e hoje a única certeza que tenho é que nada é certo. Tudo muda o tempo todo de lugar.
E realmente não sei como deveria se sentir uma pessoa da minha idade. O fato é que já tenho essa idade e mesmo que eu me sentisse com 7, 17 ou 70 anos tenho que lidar com as contas que chegam, com as decisões a tomar, com o desafeto, com o afeto, com as alegrias e as tristezas, com os conceitos de certo e errado e aplicá-los, com as minhas verdades, as minhas mentiras, com o dia a dia, com o fardo das coisas que não gosto de fazer, mas o tenho. Com o prazer das coisas a fazer e que nem sempre dedico o tempo que gostaria. E, contudo, talvez a única conclusão que eu tenha, hoje, é que a maturidade é algo adquirido com o tempo, vivência e muita observação. Se eu tivesse que voltar o tempo, certamente cometeria os mesmos erros ou outros erros, mas ainda sim, os cometeria, parece ser coisas da idade.
Mas a reflexão é válida. Para mudar o que não se gosta, melhorar o que já gosta. Procurar uma forma de doer menos às articulações e deixar de se sentir uma “velha”, de melhorar o senso de humor e não se sentir uma criança birrenta. Enfim!
A proposta é irmos a lugares que só vai quem dedica tempo para refletir e se possível, usufruir.
            Semana que vem vamos falar um pouco da segunda pergunta: “O que é pior, falhar ou nunca tentar?”





terça-feira, 4 de novembro de 2014

Minha vó dizia: se conselho fosse bom, não se dava. Vendia! Mas...

Li uma vez um texto da Martha Medeiros que dizia para confiarmos em Deus, mas trancar o carro. O texto tentava distinguir as vítimas genuínas das não. E comprovar os efeitos de nossas atitudes e decisões.
Ela cita como exemplo, uma pessoa que estaciona o carro numa rua escura deixando a chave na ignição. Concluindo, então, que não significa necessariamente que ela seja roubada, mas se for, ela foi uma “panaca”.
Toda essa história me fez lembrar do relato daquele carinha incrível, do tipo que você nem acredita estar na sua vida, que te comenta que andou falando de ti para um amigo e que confidenciou a ele que não se imaginava mais se apaixonar e que esse lhe responde em sorriso: “quando a gente menos espera, estamos dentro!”
O que me faz usar metáforas para explicar esse momento. Eu posso estar estacionando meu carro em uma rua escura e que pior, com a chave na ignição, e que não significa necessariamente que eu seja roubada, mas se eu for e se eu sentir o coração dilacerado, serei uma panaca!
Diz o texto: “não há prêmio ou punição na vida, apenas conseqüências”. Portanto: “tranque o carro na rua escura, também dentro de sua garagem, não entre no quarto de um neandrethal e se não estiver bem certa do que deseja, não deixe uma vela acesa perto de uma janela aberta, pense duas vezes antes de mandar seu chefe para um lugar que você não gostaria de ir, não tenha em casa Doritos, Coca-cola e ouro branco se tiver planejando perder uns quilos e lembre-se do que a bisavó dizia: regue as plantas, regue suas relações, regue seu futuro, porque sem cuidar, nada floresce. E por via das duvidas, confie em Deus também, que mal não faz”.
Acredito que todos nos temos medos, mas se ainda sim saímos por ai, observando pessoas, mesmo quando não queremos mais nos apaixonar o que será que esperamos que aconteça?
A vida é isso, fascínio, encantamento e infelizmente desencantamento e além do mais, é passageira. Não somos nada e ninguém sem o amor. É ele que nos faz querermos ser uma pessoa melhor, a sonharmos e querermos compartilhar esses sonhos.
Ainda estou em dúvida se tiro meu carro dessa rua escura, ou se o deixo lá, talvez sem as chaves, só para dificultar um pouquinho em caso de arrombamento. Ou, se realmente confio em Deus e o deixo lá, com vidros abertos e chaves na ignição.

Cá entre nós, se esse ladrão em questão me pegasse pela mão e me dissesse vem?


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Desperdício e deixar a vida passar

Toda mudança gera desconforto, dor e tristeza. Uns lidam melhor com isso, outros, nem tanto. Acredito que sou da turma dos nem tanto.
Já iniciei terapia, comecei a ir à igreja, e estou tentando me enquadrar na pessoa que esperam que eu seja.
O terapeuta já me disse, que por mais que eu tente, nunca conseguirei ser o que os outros querem, e mesmo que eu consiga, nunca serei feliz.
E não é que me parece que ele tem razão?
Na igreja, o palestrante me falou sobre todos os motivos que temos para ser triste, mas uma só para ser feliz. E a fé (vendo a Arena lotada de pessoas devotas) acredito, move montanhas.
Eu não quero ser triste. A tristeza faz parte, mas passar o tempo todo triste, não!
Então chega. O que tenho é isso. O lugar que estou e a pessoa que sou.
Se queres ser feliz comigo, sejamos. Se não quer, paciência, sigo eu.
Uma pessoa do qual tenho muita estima me disse: “eu tenho problemas com 85% das pessoas próximas (...). Não choro mais por isso. Problemas todos têm. E problemas cabeludos. Desculpa, mas não vou passar a mão na tua cabeça. Tu precisas de uma chacoalhada. Sério. Não quero ser duro contigo, mas lamento te dizer: a gente precisa conviver com os problemas. Não existe vida imune”.
Então você engole o choro e pensa!
Comecei por esse texto. Assim daria tempo para secar os olhos encharcados de tantas lágrimas. Ao terminá-lo, vou dar uma caminhada na vila. Não antes de tentar arrumar a juba (cabelo). Sentir o sol no rosto e doer nos olhos inchados. O depois disso, ainda é mistério.
E me convencendo de que há muita vida depois da porta da minha casa, ele concluiu: “Te quero feliz! Tristeza não combina contigo. É um desperdício”.
Sorri.
E, por enquanto, me pareceu um bom plano. Portanto, meus caros, lavem esse rosto, alinhem a postura, respirem fundo e vão à luta. Vamos?



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Saideira

Bom é ir de encontro com teu dia-a-dia e ser surpreendida.
Então, em questão de alguns torpedos, vocês resolvem sair.
Se arruma em duas horas e sai decidida: "hoje não vou agarrar ninguém, mas serei agarrada!"
Um lanchinho básico no caminho forra o estômago vazio e as histórias das atrapalhadas que você já fez alegra a alma, te dando a nítida sensação de que, se esses não fossem os fatos, essa, não seria você.
Embora o lugar estivesse vazio foi bom prestigiar o evento de novos amigos. Os drinks, os risos, as confidências, a aposta com o garçom, a vitória e a recompensa.
Então você termina a noite tomando sopa de capelete com três estranhos, do qual é avisada que não pode falar palavrão, e você fala.
Vem a despedida, sem troca de telefones, sem emails, sem sequer ter a chance de agarrar, ou ser agarrada.
Você acorda no outro dia com ressaca e sorriso nos lábios, ainda sabe se divertir!


Despedida

Oi. Como vai? Conseguindo colocar teus sentimentos em ordem?
Espero que sim!
Iniciei um curso numa escola de Filosofia Esotérica do qual estamos estudando O desertar Consciencial. Lá, desenvolvemos o despertar da consciência para depois aprendermos o comprometimento, e por fim, compreendemos a entrega. Ou seja, simplesmente confiar e entregar.
Acredito que o aprendizado não é como uma faculdade que depois de cinco anos está apito a caminhar sozinho. Ou uma terapia em que seu analista lhe dá alta.
É algo que terá de ser exercitado a vida toda. Enfim, um lugar que você pode parar, sentar-se do lado de fora, e se observar (metaforicamente).
Em alguns momentos te vi ali. Espero, desejo que encontre o caminho para tuas perguntas, tuas angústias, que entenda teus desejos e conquiste-os.
Tudo isso é para te dizer que preciso fechar esse ciclo aberto há tanto tempo atrás. Talvez hoje possa dizer que entendo por quê retornaste para minha vida. Eu não tinha fechado essa porta.
Não me entenda mal, não me queira mal.
Estou me despedindo para que possamos seguir. E não espero, nem quero, que possamos seguir amigos.
Te quero bem, te desejo o bem. Mas, é só!
Sigamos!




terça-feira, 21 de outubro de 2014

Sobre a saudade

A minha saudade corta, machuca.
A minha saudade não se alegra, minha saudade ânsia: esquecer, superar, ultrapassar.
Minha saudade te busca: nos rostos, nos cheiros, nos gostos.
Minha saudade confessa: estás perpetuado nas lembranças.
Minha saudade não tem mais  por onde doer.
Minha saudade não tem mais por onde doer.
Minha saudade implora: se não vai voltar, me deixe. Para sempre! (jul.2011)

domingo, 19 de outubro de 2014

Cotidiano

Céu azul. Nuvens brancas passando. Tudo fica escuro. Ouve-se a voz: " estou falando da vida. De amor e ódio. Dos minutos que se somam. Das palavras que se perdem".
Os dois estão diante da pia.
Ela passa café. Ele a observa.
Ele então pergunta:" nunca pensou em se casar?"
Ela sente-se surpresa e pensa o que ele pretendia com essa pergunta.
Com um sorriso e olhar de canto de boca, enquanto coloca a água quente no filtro do café lhe diz:
"claro! Só estou esperando encontrar a pessoa certa. Quando encontrá-la, eu caso!
Ele retruca: " vai chegar atrasada!
Ela o responde: Para quê? Encontrar a pessoa certa ou ir trabalhar?
Os dois sorriam .

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O amanhã e tudo mais.

Da fato não sei se terei amanhã.
Não faço ideia se terminarei de tomar meu café da manhã, se irei conseguir pegar meu filho na escola, se conseguirei terminar essa briga, se chegarei a te conhecer e te dizer: te amo!
Cada dia que se apaga me entristece a alma por não estar feliz como eu gostaria de estar.
Não queria passar meus dias tirando o pó da mobília, nem esperando outra mensagem tua me mandando embora, pois essa é a única alternativa que consideraste para não me odiar.
Começo mais de uma tarefa e quando paro e olho a volta, está tudo fora do lugar.
Estranho como as mães não conseguem odiar seus filhos.
Queria aprender a tocar violão. A fazer fotografias. Queria conhecer o mundo.
Todos os dias me lembro do teu pedido: seja feliz!
Tem dias que acredito estar no caminho certo. Outros não sei se há um caminho.
Rezo. Adormeço e recomeço.




sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Aconteceu

Sentada na frente da tevê, com um pão e uma xícara de café, assistindo o noticiário regional, me dei conta do meu tempo: o presente.
Como foi mesmo que vim parar em BH?
Catatônica, sorri.
Foram três meses chorando. O medo tem dessas coisas.
Cadê minha família?
Cadê meus amigos?
Cadê minha rotina?
Lá, também existem momentos ruins. Mas as de lá, eu já sei lidar. Aqui tudo é tão novo...
Já sei de cor a cor das paredes branca.
Teve um dia que fui e voltei sem me perder: comemorei!
Mas teve o dia que a louça caiu no chão, espatifou.
Lá se foram meus pratos, minhas duas xícaras de valor sentimental.
Teve o dia em que a caixa de areia do gato virou todinha em cima da roupa estendida no varal do chão.
O dia que tivemos de sair a pé porque não tinha dinheiro para gasolina.
O dia que comi só arroz com molho e alface para deixar a carne para meu pequeno.
O dia que fiz sanduíches para vender e a pessoa encontrou um bichinho na salada..
O dia em que pedi ajuda mas o dinheiro depositado parou no fundo do negativo
O dia que abri a janela e ela saiu inteira na minha mão..
E teve o dia que não chorei..
Sentei e sorri, as gargalhadas!
Porque tudo parece uma grande sacanagem de Deus para te testar.
Aquela noite tomei um banho demorado, passei hidratante, rezei, apaguei a luz, e enfim, dormi.





sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Intuição e fé

Na caminhada de hoje me deparei com um dos lugares mais alto do bairro. 
Frente a uma igreja (simpática). Tive de parar. 
Todos os dias me pergunto: porque?
Cada novo dia é uma nova resposta.
Pedi a Deus fé e intuição e agradeci.
E é o que desejo a vocês: fé e intuição.



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Final feliz!

Eu sempre soube que você chegaria.
Difícil foi ter de te esperar.
Pessoas me diziam:"Acorda Alice!" mas meu coração insistia em sonhar.
Enquanto a vida me ensinava a minha oração era simples.
Pedia a Deus para não me deixar amargar.
O desejo infinito sempre foi, de que quando nos encontrássemos, eu pudesse te fazer feliz,  e te fazendo,
ser.
A casa está finalmente cheia.
Os teus, os meus e os nossos.
A cama nunca mais será imensa.
A vida nunca mais será só isso.
Valeu apena esperar cada minuto.
para o ser feliz para Sempre.

27/08/2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Nada é mesmo definitivo

Se você chegar agora, neste exato momento em minha casa, encontrará tudo desarrumado.
Na piá louça,
na máquina roupa,
na mesa, xícara suja de café.
A gata que recentemente adotamos mudou o cheiro da casa.
Mas em contra partida, a casa não é mais silenciosa.
Tenho lido poesias
Pesquisado na internet novas profissões.
Zapeando como quem procura algo que me encontre.
Um dia sou triste,
em um novo, alegre.
Nada é mesmo definitivo.



sábado, 23 de agosto de 2014

Memórias - O tempo.

Apenas o tempo interfere no desejo.
Deixamos a vida dos outros porque tememos que o tempo nos comprometa com a vida. 
Já basta um mundo pequeno que nos cerca, porque mais mundos? Não saberíamos fazer com tanta coisa em nosso "rio".
O rio que passa em nosso vilarejo é o mesmo que em qualquer outro lugar do planeta. Acontece que olhamos para as margens com medo.  
Em circunstâncias diferentes nos protegemos em nossas vidas. Quem imaginaria o controle fugir de nossas mãos e parar em águas distantes? 
O tempo, os segundos, as horas do que não está sendo dito é o que poderá afastar duas pessoas.
O tempo se encarrega de valorizar o coração pedra, o coração mole e simplesmente o coração que sabe que a dor não encara um dia qualquer, até do mais racionalista ser humano. 
E principalmente, o tempo aceitará o coração que sabe descansar nas águas que não deixam passar no rio de cada um. É como se tivéssemos condição de ver, tocar no tempo de cada um, mesmo sabendo que ele não nos pertence, como se algo nos pertencesse, a não ser a carcaça, essa sim é nossa. 
O tempo é testemunha de nossos "egos", de nossos orgulhos bobos e de nossa infinita vontade de sermos adorados, de sermos fominhas. Quando o tempo só nos quer vivo para a vida.
Ela não nos dará em nem nos proibirá de um único ato. 
O tempo nos deixa que sejamos náufragos  da própria inércia de não tentarmos o instante do que há de melhor na vida: estar feliz em um só tempo com outra pessoa. 




quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A arte de perder - Elisabeth Bishop

A arte de perder

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério
Elisabeth Bishop




Diariamente

Todos os dias deixo de acreditar.
E todos os dias volto a acreditar.
Já sentiu vontade de pegar alguém pela mão, pelo rosto, para que ela olhe na mesma direção que você?
De sussurrar a sua história como se fosse poesia?
De dançar como se estivesse em uma festa cigana?
De preencher a casa com todos os sonhos que cabem em você?


Decreto

Saudade.
Deveria ser decretado que está proibido sentir saudades.
Sinto saudades das histórias que não foram minhas e das que foram, mas deixei escapar.
Saudades de algumas vozes, alguns sorrisos. De certas sandices, da inocência perdida.
Saudades do cheiro da casa antiga e de quando me deitada no assoalho de madeira para tomar banho de sol.
Saudades de ver desenhos em nuvens.
Saudades essas que se transformaram em lembranças.

sábado, 9 de agosto de 2014

Sobre tudo que não sei

Estava lavando a louça quando Bernardo veio com um cartão do dia dos pais.
No verso dizia: " Feliz dia dos pais, mãe".
Olhei para ele e disse, pai - mãe? Ele responde:
"Já que tu me cria sozinha, é a minha mãe e meu pai!"
O abracei demoradamente e chorei.
Lhe olhei nos olhos como quem pede desculpas, pois nunca planejei que fosse assim, mas o é.
Mas lhe disse apenas: adorei. Vamos colocar na porta da geladeira?
Compreendi porque faço tudo por esses meninos. Eles me ensinam diariamente tudo que não sei.
Gabriel já me declarou amor assim como ele, mas cresceu. Ele também o vai.
Me lembrei de quando eramos pequenas e eu e Cassi convencíamos os guris a fazer apresentação para o pai no dia dos pais. Eles odiavam, mas faziam. Nós quatro!
Aí a gente cresce e tornamos tudo complicado.
A todas as famílias, a todas formas de ser pai, desejo que tenham bons motivos para recordar e outros tantos para recomeçar, sempre que for preciso.


Insônia

Minha primeira noite de insônia.
A vista daqui é tão linda.
Na janela cultivo duas flores, presentes do meu último dia das mães em Porto Alegre.
Gosto de caminhar pelo apartamento mal mobiliado.
Sinto saudades das minhas gatas. De sentar na minha área com as flores que nunca imaginei cultivar.
Pouco conheço de Belo Horizonte. Ainda tenho medo de ir muito longe e me perder. Como se, se perder fosse algo assim tão ruim.
Como em qualquer lugar acontece, as 5 da manhã o galo começa a cantar.
A voz do pensamento ecoa: SEJA FELIZ..
É o peso que minha decisão em me mudar decreta. Não me parece ser ruim, mas desconfio que possa ser bem desafiador.
Tem uma cama grande e quentinha me esperando.
Sonhos para serem sonhados e uma vida para ser vivida.
Então, amanhece em Minaslândia.
As luzes se apagam.
O sol se acende.



quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pontes

Um dia Porto Alegre, outro, Belo Horizonte. 
Quem poderia imaginar que a vida poderia mudar tanto. 
Quem poderia imaginar que você poderia mudar tanto?
Quando tive de partir, deixei tudo para trás em um exercício exaustivo e doloroso de desapego. Coube na mala apenas gratidão e a vontade de recomeçar.
Enquanto o avião levantava vôo, lágrimas involuntárias escorriam pelo rosto.
Quando o piloto anunciava o pouso em Confins, lágrimas involuntárias escorriam pelo rosto. Assim mesmo, sem explicação.
O apartamento estava a minha espera: vazio. Sem móveis e sem história. Ainda precisava fazer dele, um lar.
Caixas de papelão dão lugar a roupeiros e armários de cozinha. Um colchão a um sofá. Uma mesinha, a sala de jantar.
E os dias vão se somando.
Caminhadas me revelam o lugar para que eu possa me revelar a ele.
Aprecio o vento nos cabelos. O sol no rosto e a paz.
Não tenho nenhuma resposta. Mas também, tenho procurado fazer menos perguntas. Tudo que tenho é depositado no hoje.
E diria, talvez até com certa propriedade, que quando deixamos de nos debater nas escolhas, a vida nos auxilia a escolher.
E aos poucos o lar vai tomando formas, cheiros, histórias.
Em refeições me deparo com a minha família e o som deles acarinha a alma.
Tudo tem sido muito estranho e tudo muito comum. Todo começo parece mesmo ser difícil. Mas tem seus mistérios, encantos, descobertas e alegrias. 
O medo do novo, a magia de desvendá-lo e a recompensa por ter tido coragem.
Já tenho me perdido menos. Dormido mais. E apesar de ainda não me sentir em casa, já não me sinto mais tão turista. 
Digamos que agora passei a ser uma criança curiosa que faz diariamente algumas constatações. Tais como:
- precisamos ter muito cuidado com o que desejamos (ser do lar é a profissão mais ingrata e exaustiva que já trabalhei);
- mineiros não chegam até você. Mas se chegar neles são receptivos e amáveis; (mas é preciso aprender a dosagem do aperto de mãos e a não dar abraços  afetuosos de quem as conhece a vida inteira);
- que tenho sorte!
Eis o presente da vida. 
O mistério da fé e o milagre do amor. 



sábado, 31 de maio de 2014

o Hoje

Essa viagem chamada VIDA me levou a muitos experimentos.
De poucos me orgulho.
De alguns me arrependo.
De outros recordo
E de todos, aprendo.
Nesta aventura me delicio com o significado do HOJE.
Assim como contam os moribundos, os acamados, todo dia é ÚNICO.
Tudo está inacabado, mas nada posso fazer, a não ser, viver o dia, aquele dia.
Tenho me desfeito de caixas, de móveis, papéis.
Cada encontro é uma despedida.
Meu olhar é atento as cores.
Meus sentidos ao cheiro, ao gosto.
Teu olhar procura.
O meu, se despede.
Não carrego culpa por ter vagabundiado por mais tempo na cama.
Por ter parado para o café, mate, conversa.
Não busco mais ser rica.
Busco me sentir feliz, fazer feliz.
Tenho recusado discussões desnecessárias.
Aprecio o sono, embora ele não tenha feito moradia. Já chorei, reclamei, esperneei, em vão.
Ele só vem quando o convém. Tenho aprendido com ele, com sua presença e ausência
Tenho me permitido: ao jogo, ao encontro, ao desejo.
Me dispo de preconceitos: ouço, observo, me ausento.
Mas quando fico o faço com verdade, carinho e entrega.
Quando machuca, recuo.
É...
Nesta casa onde viveu uma mulher, dois meninos, duas gatas e uma cadela teve histórias.
Cultivou o seu jardim. Pintou sua parede e compreendeu que não somos o que temos.
O que temos serve o nosso sustento, nosso conforto.
Quem somos transforma as pessoas. Muda o mundo (pelo menos o seu).
O hoje de hoje chove. Faz frio.
Mas cabe numa cama grande e quente.



segunda-feira, 19 de maio de 2014

Tenho

Tenho me despedido.
Das coisas que construí;
Das pessoas que fazem parte de quem sou.
Ouço o barulho das correntes. A batida dos cadeados, mas não lembro das chaves...
Não tenho conseguido planejar o futuro, tenho estado muito ocupada com o presente.
Venho perdendo o sono,
Tenho morrido de medo,
Tenho estado ausente...

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Cartão Postal

Domingo, 04 de maio, Guaporé.
Estou hospedada na casa de uma adorável amiga.
Sua casa sem carinhos ou cuidados, fica no meio do mato. Um mato que me dá medo.
Dentro da casa o calor e aconchego desta que faz questão de me receber. E bem!
Tudo muito simples. Mas a companhia, a comida, a cerveja, e a cama quente são de primeiro mundo.
Lia me ensinou tudo que não sei. A vida, certamente, não lhe foi tão carinhosa como ela é a mim quando vem com seu “trator”. E desta, não sei se aprendi algo. Mas teimo em acreditar que apenas o amor transforma. Esse mesmo amor, escorregadio, frágil, narcisista. Mas ainda sim, amor!
É esse amor que vai me levar. É esse amor que a prende a Guaporé. Até o dia em que estejamos prontas para novos amores ou o mesmo amor em outros lugares.
Que possamos seguir na vida, gentil com ela. Para que ela nos possa retribuir da mesma forma.
Que presentes como Lia e Dudu nunca me falte.

Que Guaporé possa ser para muitos o mesmo lindo cartão postal.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

A dança


Quando vai me tirar para dançar?
e não me diga que não sabe, não antes de tentar.
Dança tem a ver com parceria..
Então,
Quando vai me tirar para dançar?

Passei uma vida aqui, cuidando para não amargar..
cada tombo, um novo caminho a tentar..
e quando deixei de acreditar, me percebo aqui,
pronta, na espera para ser tirada para dançar.

Então, quando vai me tirar para dançar?

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Sem explicação

Estive pensando, aliás, como tenho pensado.
Fico na cama imaginando tudo que tenho para fazer e quero fazer: "amanhã vou acordar cedo e blá, blá, bá..."
Sem me dar conta, projeto. E tudo parece, então, apenas projeção.
As tarefas diárias pesam o fardo de qualquer coisa que queira imaginar pesado. Depois de terminado a satisfação acarinha o corpo exausto.
E quando se procura um pouco de poesia vem a realidade: as contas, as decisões, as mudanças.
Se imagina o amor que gostaria de ter e viver.
Se imagina a situação econômica que gostaria de ter e desfrutá-la.
Se imagina a cama cheia com seus filhos (acrescento aqui minha nora) e compartilhar: amor, cumplicidade, serenidade.
E você tenta ser forte, corajosa, leal, feliz. Mas, você chora.
Como se o que quisesse para ser feliz fosse tão simples. E de tão simples que é, não sei explicá-lo.



domingo, 23 de março de 2014

A desgraça do desejo realizado

Depois de uma garrafa de vinho não se consegue mesmo deitar na cama e ficar acordada, mas como queria rever o filme P.S. Eu te amo.
Deixei a tevê alta, pois sabia que acordaria uma hora com o som (torcendo que há tempo).
A dor nas costas estava terrível. E a dor na barriga?
Por que tenho feito isso comigo?
Comer até não aguentar mais, beber até esgotar o estoque ou simplesmente não descer mais...adormeci, não faço ideia de como..
                                                   
                                                                   *** Acordei! ***

Acordei na parte em que ele recém morreu. Sempre choro horrores nesse filme.

A  ressaca se uniu a dor nas costas. Precisava de um comprimido para dor: Dorflex! Em cima da geladeira.
Porque diabos alguém guarda a embalagem vazia?
Na caixinha de remédios..
Ufa! uma cartela cheia.

Papel higiênico teve de ir para cama junto...
Me encostei no travesseiro. Deus como queria um braço forte para me abraçar nesse momento. Que não entendesse porque assisto esses filmes para chorar, mas que estivesse ali, me acolhendo e se possível, encantado pela minha sensibilidade..

Não planejei a vida assim,. não mesmo..

E a desgraça de ter acordado para assistir o filme, sozinha, sem o conforto dos braços fortes, é o filme acabar e você se encontrar acordada as 4h da manhã, tomando chá de hortelã ouvindo My Sweet Song