sábado, 23 de agosto de 2014

Memórias - O tempo.

Apenas o tempo interfere no desejo.
Deixamos a vida dos outros porque tememos que o tempo nos comprometa com a vida. 
Já basta um mundo pequeno que nos cerca, porque mais mundos? Não saberíamos fazer com tanta coisa em nosso "rio".
O rio que passa em nosso vilarejo é o mesmo que em qualquer outro lugar do planeta. Acontece que olhamos para as margens com medo.  
Em circunstâncias diferentes nos protegemos em nossas vidas. Quem imaginaria o controle fugir de nossas mãos e parar em águas distantes? 
O tempo, os segundos, as horas do que não está sendo dito é o que poderá afastar duas pessoas.
O tempo se encarrega de valorizar o coração pedra, o coração mole e simplesmente o coração que sabe que a dor não encara um dia qualquer, até do mais racionalista ser humano. 
E principalmente, o tempo aceitará o coração que sabe descansar nas águas que não deixam passar no rio de cada um. É como se tivéssemos condição de ver, tocar no tempo de cada um, mesmo sabendo que ele não nos pertence, como se algo nos pertencesse, a não ser a carcaça, essa sim é nossa. 
O tempo é testemunha de nossos "egos", de nossos orgulhos bobos e de nossa infinita vontade de sermos adorados, de sermos fominhas. Quando o tempo só nos quer vivo para a vida.
Ela não nos dará em nem nos proibirá de um único ato. 
O tempo nos deixa que sejamos náufragos  da própria inércia de não tentarmos o instante do que há de melhor na vida: estar feliz em um só tempo com outra pessoa. 




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