sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Aconteceu

Sentada na frente da tevê, com um pão e uma xícara de café, assistindo o noticiário regional, me dei conta do meu tempo: o presente.
Como foi mesmo que vim parar em BH?
Catatônica, sorri.
Foram três meses chorando. O medo tem dessas coisas.
Cadê minha família?
Cadê meus amigos?
Cadê minha rotina?
Lá, também existem momentos ruins. Mas as de lá, eu já sei lidar. Aqui tudo é tão novo...
Já sei de cor a cor das paredes branca.
Teve um dia que fui e voltei sem me perder: comemorei!
Mas teve o dia que a louça caiu no chão, espatifou.
Lá se foram meus pratos, minhas duas xícaras de valor sentimental.
Teve o dia em que a caixa de areia do gato virou todinha em cima da roupa estendida no varal do chão.
O dia que tivemos de sair a pé porque não tinha dinheiro para gasolina.
O dia que comi só arroz com molho e alface para deixar a carne para meu pequeno.
O dia que fiz sanduíches para vender e a pessoa encontrou um bichinho na salada..
O dia em que pedi ajuda mas o dinheiro depositado parou no fundo do negativo
O dia que abri a janela e ela saiu inteira na minha mão..
E teve o dia que não chorei..
Sentei e sorri, as gargalhadas!
Porque tudo parece uma grande sacanagem de Deus para te testar.
Aquela noite tomei um banho demorado, passei hidratante, rezei, apaguei a luz, e enfim, dormi.