quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Bunda mole é?


Belinha acordou às seis, arrumou as crianças, levou-as para o colégio e voltou para casa a tempo de dar um beijo burocrático em Artur, o marido, e de trocarem cheques, afazeres e reclamações.

Fez um supermercado rápido, brigou com a empregada que manchou seu vestido de seda, saiu como sempre apressada, levou uma multa por estar dirigindo com o celular no ouvido e uma advertência por estacionar em lugar proibido, enquanto ia, por um minuto, ao caixa automático tirar dinheiro.

No caminho do trabalho batucava ansiedade no volante, num congestionamento monstro, e pensava quando teria tempo de fazer a unha e pintar o cabelo antes que se transformasse numa mulher grisalha.

Chegando ao escritório, foi quase atropelada por uma gata escultural que, segundo soube, era a nova contratada da empresa para o cargo que ela, Belinha, fez de tudo para pegar, mas que, apesar do currículo excelente e de seus anos de experiência e dedicação, não conseguiu.

Pensou se abdômen definido contaria ponto, mas logo esqueceu a gata, porque no meio de uma reunião ligaram do colégio de Clarinha, sua filha mais nova, dizendo que ela estava com dor de ouvido e febre.

Tentou em vão achar o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma ir até o colégio, depois do encontro com o novo cliente, que se revelou um chato, neurótico, desconfiado e com quem teria que lidar nos próximos meses.

Saiu esbaforida e encontrou seu carro com pneu furado.
Pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar os olhos e sonhar com um mundo melhor.

Abandonou a droga do carro avariado, pegou um táxi e as crianças.

Quando chegou em casa, descobriu que tinha deixado a porra da pasta com o relatório que precisava ler para o dia seguinte no escritório!

Telefonou para o celular do marido com a esperança que ele pudesse pegar os malditos papéis na empresa, mas a bosta continuava fora de área.

Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um motoboy lhe trouxesse a porra dos documentos.

Tomou uma merda de banho, deu a droga do jantar para as crianças, fez a porcaria dos deveres com os dispersos e botou os monstros para dormir..

Artur chegou puto de uma reunião em São Paulo, reclamando de tudo.
Jantaram em silêncio.

Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur a acordou com tesão, a fim de jogo. Como aqueles momentos estavam cada vez mais raros no casamento deles, ela resolveu fazer um último esforço de reportagem e transar.

Deram uma meio rápida, meio mais ou menos, e, quando estava quase pegando no sono de novo, sentiu uma apalpadinha no seu traseiro com o seguinte comentário:

- Tá ficando com a bundinha mole, Belinha... deixa de preguiça e começa a se cuidar...

Belinha olhou para o abajur de metal e se imaginou martelando a cabeça de Artur até ver seus miolos espalhados pelo travesseiro!

Depois se viu pulando sobre o tórax dele até quebrar todas as costelas! Com um alicate de unha arrancou um a um todos os seus dentes depois deu-lhe um chute tão brutal no saco, que voou espermatozóide para todos os lados!

Em seguida usou a técnica que aprendeu num livro de auto-ajuda: como controlar as emoções negativas.

Respirou três vezes profundamente, mentalizando a cor azul, e ponderou.
Não ia valer a pena, não estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feminista caríssima que fizesse sua defesa alegando que assassinou o marido cega de tensão pré-menstrual...

Resolveu agir com sabedoria.

No dia seguinte, não levou as crianças ao colégio, não fez um supermercado rápido, nem brigou com a empregada.
Foi para uma academia e malhou duas horas.
De lá foi para o cabeleireiro pintar os cabelos de acaju e as unhas de vermelho.
Ligou para o cliente novo insuportável e disse tudo que achava dele, da mulher dele e do projeto dele.

E aguardou os resultados da sua péssima conduta, fazendo uma massagem estética que jura eliminar, em dez sessões, a gordura localizada.

Enquanto se hospedava num spa, ouviu o marido desesperado tentar localiza-lá pelo celular e descobrir por que ela
havia sumido.
Pacientemente não atendeu.
E, como vingança é um prato que se come frio, mandou um recado lacônico para a caixa postal dele.

- A bunda ainda está mole. Só volto quando estiver dura.

Um beijo da preguiçosa...

(Extraído do livro: Este sexo é feminino /Patrícia Travassos).
PS:  envie e mostre para o maior número de mulheres. risos





terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mais uma vez... Adeus

Em dia de nascimento falemos de uma forma de nascimento...  Acabo de enterrar a pessoa que me gerou, nos gerou, que me deu de presente: a vida... a quem costumamos chamar de MÃE...
Estranhamento é o que me descreve, além da sensação nítida de como somos pequenos... em todos os lados que olho, vejo julgamentos, e o amor: nunca está puro..
não há perdão, misericórdia, caridade, reciprocidade e a dor fica mais dolorida, pois ela vem acompanhada com a solidão...
Você abre mão de enterrar quem chamas de mãe porque ninguém intende a sua dor e por que passou cinco dias perdido em seus vícios e nesse momento nada mais importa...
Você abre mão de acalentar seus filhos porque precisa faturar com o verão, não faz mais parte da vida da mulher com quem gerou suas crias e porque está decepcionado... e quem não está?
Você abre mão de ir dar conforto a quem criou porque não tem afinidade com outra parte da família, está doente, não pode se estressar...
Abre mão de dizer que sente muito e carinhosamente, abraçar a quem está ali, sem saber o que sentir, porque não concorda com suas lágrimas, porque não aceita o seu abandono ...
E você olha para um lado e vê julgamento, olha para o outro, outros... e a lágrima escorre...
Tentei ser a melhor filha que pude.. em minha pequinês levei tempo para perdoar.. a me perdoar...
Deus em sua infinita sabedoria certamente sabe o proposito de tantos desencontros e encontros...
Morre o corpo, vive a alma em busca de evolução...
Que Deus me ajude a não enterrar mais ninguém por alguns bons anos.. duas mortes em um ano foi avassalador.. mas me fez pensar em minha morte, eu que nunca havia parada para pensar sobre...
Eu, que sempre me disse apaixonada por pessoas, me encontro assim.. amarga..vazia...  espero que passe e eu volte a acreditar no que há de melhor nas pessoas...


Obs: Sou doadora de Órgãos, e façam o que for mais em conta com meu corpo, queimar ou enterrar, mas desde que  não antes de 24horas... e desejo que quem sentir minha partida, tente elevar os pensamentos e me levem sempre em seus corações..

sábado, 15 de dezembro de 2012

E o que me salva é a minha IMAGINAÇÃO...

Tirar um sono na tarde dá nisso.. INSÔNIA...
Então estava no youtube.. foi .. foi e foi ...
cheguei numa coletânea de trechos musicais "Love Songs 60, 70, 80  e 90"
... risos.. lembrei de várias delas e confesso.. sorri...
Quem inventou de tirar as músicas lentas das festas? Do que nos servem as músicas românticas agora? Ouvir sozinhos pelo fone de ouvido? Colocá-los em cenas de novelas? e talvez, por sorte, ouvir para namorar? (bem menos provável)...
Reclamamos o tempo todo da frieza das pessoas... mas fazemos de tudo para estarmos cada vez mais sós.. para arriscar menos...
ficarmos em terra firme para que? Chegaremos em que lugar? Ah sim...
Mas sozinho?
Não vemos, não enxergamos, não sentimos...
E o que me salva é a minha imaginação....


obs: uma das minhas preferidas.. . http://youtu.be/NK16_sWD2Xk (CLIQUE)