quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O milagre do amor

Sabe aqueles dias em que você dorme rezando baixinho "Deus eu preciso de um milagre" e acorda  no outro dia com uma sensação estranha?
Sem tempo para decifrá-la, pois tens no encalço um tal de tic-tac lhe precionando, dizendo-a de que se demorar mais um pouco não saíra nunca a tempo de casa para pegar seu ônibus, largar seu filho na escola, pegar o seu trem, o seu outro ônibus para chegar no trabalho.... e  você deixa para depois a sensação e apenas vive. 
E no final desse dia você se pergunta: como pode acontecer tantos milagres num dia só? 
                                                        
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Dentro do ônibus, cheio e 'saculento', me deparo com a seguinte paisagem:
" Do lado de dentro do portão, uma avó. Sorridente, olhando para a rua, com seu neto (suponho eu), vestido ainda de pijama e  uma mamadeira em mãos. Esse, pulando em volta, como quem faz festa pelo prazer de estar visitando quem lhe faz bem; do lado de fora: um avô ao lado de um carro. Dentro dele, um homem estava na direção. No colo do avô, sua neta (suponho também). Ele sorrindo, indica a criança dar tchau ao condutor. E aquela cena familiar me fez marejar os olhos na sensação nítida: o milagre do amor.!

No trem, agora partindo para o meu trabalho, escutando Band News como me habituei a fazer a pouco tempo, escuto a chamada comemorativa de fim de ano do programa onde o condutor, Ricardo Boechat, narra o dia que sua filha lhe convida a ir na apresentação de fim de ano que faria na escola e ele a explica que adoraria estar presente mas que não poderia ir pois estaria trabalhando. A menina comenta que iria cantar uma música dos Beatles. Boechat, em sua sensibilidade, lhe diz mais ou menos assim: " Filha faz o seguinte, quando fores cantar, cante alto, bem alto para que eu possa lhe escutar. E eu do meu lado irei cantar junto com você da maneira que puder" E sua indagação era: o que fazer os pais, que como ele, não podiam ir nas apresentações dos filhos? o que esses diziam aos filhos e como os seus reagiam.. para sua surpresa, neste dia a produção com um agrado colocam no ar sua filha cantando. 
Como segurar MINHAS lágrimas diante do povo, que como eu, estavam indo para seus destinos e de que não faziam ideia do que se passava comigo? A sensação era nítida: o milagre do amor! 

Já no trabalho, sensibilizada com a trajetória emotiva, por email tenho um desafeto com uma amiga do qual gosto muito. Seguro o choro, mas escrevo tudo que penso e sinto no momento. Após essa, enfrento um cliente desaforado, mal educado, em fúria! Engulo o choro e penso: é apenas uma manhã difícil. Abro a gaveta em meu celular uma mensagem. Uma amigaça dizendo:" liguei apenas para lhe desejar: UM BOM DIA! A sensação era nítida: o milagre do amor! 

Fui então para o almoço. Quando retorno aparece na empresa a amiga da qual  tivemos atritos. Não sabia o que dizer. Sem palavras, num gesto, eu a abracei e ela a mim. E tudo ficou para trás na nítida sensação: o milagre do amor! 

Mais tarde, ainda no trabalho, um senhor com mais de 60 anos se dirige a minha mesa, me pede informações e sem qualquer motivo aparente se senta em frente minha mesa. Em sua bagagem de vida: aprendizado. Sua alegria, seu conhecimento, sua boa vontade e prazer na vida me traz a sensação: o milagre do amor! 

No retorno, após enfrentar um ônibus, um trem, pegar o filho na escola, mercado, outro trem, e outro ônibus, recolher a roupa, dobrar, guardar. Lavar a louça, preparar um shake (estou de dieta pela milésima vez, risos), dar banho no filho, tomar o meu, fazer um chimarão, sentar-se na varanda da casa e admirar a lua.. a sensação não poderia ser outra, se não: o milagre do amor!  


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