terça-feira, 5 de abril de 2011

Se..




            O que você gostaria de ser se pudesse voltar no tempo?      
            Estava assistindo um filme, num domingo a tarde, desses de comédia romântica, bobos, fáceis, mas que quase sempre trás uma moralzinha que contava a história de uma menina que tinha 13 anos e que queria muito ter 30 anos. Como um passe de mágica, aconteceu.
            Descobriu de primeiro momento que ela tinha a vida que ela sonhara, até que, um certo dia, percebe que na realidade tornara-se em tudo aquilo que ela não era. Perderá sua essência.
Meu filho de 10 anos estava assistindo o filme comigo quando ele me pergunta: "se pudesse voltar no tempo, quantos anos gostaria de ter?". 
Então pensei em ter meus 16 anos. Rapidamente lembrei que engravidei aos 17 anos. Pensei: "talvez teria feito diferente..." 
Conclui então que ele foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, que nunca queria ter a chance de poder voltar atrás e escolher, ousar, pensar em não tê-lo. Assim como ousar em não ter ficado sentada naquele fast food no dia em que reencontrei o pai do meu segundo filho.   
No filme a mãe dessa garota é indagada se ela algum dia se arrependera muito de algo errado que fez e se tivesse chance de não errar se ela o faria. A mãe responde: "cometi muitos erros. Mas, não me arrependo de nenhum deles, pois sem eles não saberia o que era errado para ter a chance de fazer certo".
Às vezes, não parece que toda a nossa vida é um grande erro? O meu primeiro filho, talvez tenha roubado a minha mocidade, pois ao contrário das garotas da minha idade eu tinha a responsabilidade de ter que ser mãe. Fui rejeitada por muitos meninos por ser mãe solteira. Se sofri? Um pouco. Porque na minha essência queria o sonho romântico de encontrar o amor perfeito, um que me amasse, mas o suficiente para amar a nós dois. Enquanto o amor não vinha, procurava, até hoje procuro, a cada dia, ser uma pessoa melhor. Só os filhos nos fazem isso, acreditem....
Então, por insistência da minha mãe, conclui os estudos e fui fazer faculdade. Como poderia fazer desse mundo um mundo melhor para meu filho? Como poderia ser os olhos, ouvidos, boca de uma população tão cheia de mazelas? O jornalismo poderia ser uma saída. Não demorei muito para descobri que era a saída errada. Talvez eu nunca tivesse coragem suficiente para ser essa revolucionária. Tornei-me a secretária particular de uma professora do curso de comunicação que havia de se contentar com seu salário e certa estabilidade, porque decidira sair da casa da mãe e "crescer".
Outros erros. Da minha casa, gosto de tudo. Exceto o banheiro. Apesar de não ter dinheiro para mobiliar a casa como gostaria e de ter que fazê-lo aos poucos, gosto dos porta-retratos pendurados na parede. Das fotos escolhidas espalhados pelas mobílias. Da minha geladeira velha, do meu sofá de mais de mil reais parcelado em outros mil vezes, do meu rack cor de tabaco, das flores que nunca havia cultivado, das visitas altas horas da noite de amigas apreensivas com seus dia-a-dia.
Não demorei muito para descobri que não estava mais dando certo. Porque primeiro eu não conseguia pagar meu aluguel e depois eu precisava fazer minhas poucas refeições na casa da minha mãe porque faltava em casa. Mas mesmo assim fui insistindo, lutando, mesmo quando passava a noite chorando depois de somar todas as contas e constatar que além de não conseguir pagar todas elas, ainda não sobraria para nem sequer tomarmos um sorvete.
Então meus erros mais uma vez trazem conseqüências. Descubro estar grávida, meu segundo filho. Estupidez, em plena era da comunicação, fazer sexo sem camisinha. Mas estava apaixonada. Ele nunca me passaria uma doença e faria o que fosse preciso para que eu não engravidasse.
Não apenas engravidei como descubro que ele não me amava. Ele negou meu amor e a chance que tínhamos de ser uma família. No momento tenho feridas enormes abertas. Quando penso nele, pergunto-me como? Ele havia sido um namoradinho de 10 anos atrás que agora tinha a chance de "ficar para sempre", ele me dera uma rosa no dia internacional da mulher, me ligava várias vezes por dia, queria estar comigo em qualquer lugar desde que tivesse comigo até que de repente vira-se para mim e diz que não quer se comprometer.
Insisto por um tempo. Depois de algumas decepções e descobertas, concluo que perdemos o nosso tempo... que havíamos nos tornado em pessoas diferentes, que queríamos coisas diferentes e resolvo deixá-lo para trás. Quase dois meses sem vê-lo, sem falarmos, descubro estar grávida: sonho ou pesadelo?
Se eu não estivesse sentada naquele Fast Food? Se eu não tivesse aceitado a carona? Se eu não tivesse dado o meu telefone? Eu não teria sofrido tudo que tenho sofrido. Não teria passado à gestação sozinha, nem teria de me debater entre tantas dúvidas. Não teria de me ver voltando para casa vendo as pessoas me dizerem com os olhos o que a boca não tem coragem de dizer: Sabíamos que não daria certo!
Mas ao mesmo tempo, talvez essa seja a minha última chance de ser mãe novamente. De sentir o ventre crescer, o bebê se mexer, de sentir os peitos fartos de alimento e amamentar... Meus filhos, prenúncia de que o tempo passa e como passa...
Apenas com eles pude entender o que é o tal de amor incondicional. É por eles que levanto todos os dias, que sorrio, que desejo, que busco, que procuro fazer dar certo, mesmo quando tudo em minha volta insiste em me dizer que não está...



Um comentário:

  1. Quanto mais te conheço....mais,.. muito mais eu te amo!!! beijos amiga querida.

    ResponderExcluir