Um
dia Porto Alegre, outro, Belo Horizonte.
Quem poderia imaginar que a vida poderia mudar tanto.
Quem poderia imaginar que você poderia mudar tanto?
Quem poderia imaginar que a vida poderia mudar tanto.
Quem poderia imaginar que você poderia mudar tanto?
Quando
tive de partir, deixei tudo para trás em um exercício exaustivo e doloroso de
desapego. Coube na mala apenas gratidão e a vontade de recomeçar.
Enquanto
o avião levantava vôo, lágrimas involuntárias escorriam pelo rosto.
Quando
o piloto anunciava o pouso em Confins, lágrimas involuntárias escorriam pelo
rosto. Assim mesmo, sem explicação.
O
apartamento estava a minha espera: vazio. Sem móveis e sem história. Ainda
precisava fazer dele, um lar.
Caixas
de papelão dão lugar a roupeiros e armários de cozinha. Um colchão a um sofá.
Uma mesinha, a sala de jantar.
E
os dias vão se somando.
Caminhadas
me revelam o lugar para que eu possa me revelar a ele.
Aprecio
o vento nos cabelos. O sol no rosto e a paz.
Não
tenho nenhuma resposta. Mas também, tenho procurado fazer menos perguntas. Tudo
que tenho é depositado no hoje.
E
diria, talvez até com certa propriedade, que quando deixamos de nos debater nas
escolhas, a vida nos auxilia a escolher.
E
aos poucos o lar vai tomando formas, cheiros, histórias.
Em
refeições me deparo com a minha família e o som deles acarinha a alma.
Tudo
tem sido muito estranho e tudo muito comum. Todo começo parece mesmo ser
difícil. Mas tem seus mistérios, encantos, descobertas e alegrias.
O medo do novo, a magia de desvendá-lo e a recompensa por ter tido coragem.
O medo do novo, a magia de desvendá-lo e a recompensa por ter tido coragem.
Já
tenho me perdido menos. Dormido mais. E apesar de ainda não me sentir em casa,
já não me sinto mais tão turista.
Digamos que agora passei a ser uma criança curiosa que faz diariamente algumas constatações. Tais como:
Digamos que agora passei a ser uma criança curiosa que faz diariamente algumas constatações. Tais como:
-
precisamos ter muito cuidado com o que desejamos (ser do lar é a profissão mais
ingrata e exaustiva que já trabalhei);
-
mineiros não chegam até você. Mas se chegar neles são receptivos e amáveis; (mas
é preciso aprender a dosagem do aperto de mãos e a não dar abraços afetuosos de quem as conhece a vida inteira);
-
que tenho sorte!
Eis
o presente da vida. O mistério da fé e o milagre do amor.