quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que modificaria seu dia? Eis o que modificou o meu.... Abraços, abraço.

Era fim de tarde nublado. Entregando-me ao prazer da gula comprei um sorvete.
Delicioso, que na medida em que o colocava na boca, misturava-se com a saliva quente e derretia, escorregando pelas paredes largas da garganta.

Parados na calçada, bem na Independência, em meio ao caos da cidade, a pressa dos homens no comprimento dos afazeres avisto um casal, abraçados.

Ele, magro, alto e totalmente atencioso a ela. Despreocupado com quem possa interessar observá-los. Envolvia-a em seus braços no desejo explicito de lhe dar porto seguro. Ela, de estatura média, cabelos tingidos de loiro, com feições de uma mulher dócil, recíproca ao seu desejo. Os braços envoltos no seu abraço, olhos fechados, como se eternizando aquele momento.

Não faço idéia do que moveu aquele homem e aquela mulher entregarem-se a aquele abraço. Pode ter sido causado por saudade, consolo, afetividade, incentivo, início de um relacionamento, amizade, amor... seja qual for o motivo que os moveu, a entrega foi mútua e contagiante.

Dizem estudiosos que deveríamos receber uma cota de abraços por dia para suprirmos nossa carência, para nos sentirmos felizes ou sermos felizes, algo do tipo. Confesso que me contentaria a passar meses jejuando abraços, desde que quando o recebesse, independente do motivo, fosse assim, cúmplice, prazeroso, de total entrega e magia.

Ganhei o meu dia e a companhia, na continuidade do meu trajeto, o meu sorvete e meus pensamentos sobre abraços e abraço.



* Inspirada pela fotografia da Nely de Carvalho me lembrei dessa história, escrita em outubro de 2004.

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