São os nossos desejos ou somos nós que movemos os nossos desejos?
O que desperta nosso instinto, esse que nos faz ficar, o mesmo que nos faz partir?
Porque falamos o tempo todo para vivermos como se não houvesse amanhã se cravamos as unhas na terra, com todas as nossas forças, para que não sejamos apanhados pelos nossos impulsos e conseqüentemente tenhamos que nos deparar declarando amores, desistindo de empregos, mandando as favas quem te apurrinha a tanto, tanto, tanto tempo... arriscando todas suas economias em um novo empreendimento, liberando seu filho se entupir de bobagens, tomando banho de chuva como criança, dançando como louco, cantando como um surdo...afinal temos medo do que se a vida é toda incerteza?
Então, lembrei de um poema lindo de Luiz Fernando Veríssimo que se chama Quase e que diz:
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga;
quem quase passou, ainda estuda;
quem quase morreu está vivo;
quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige, nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis: tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. (ouviram?! leram?!)
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando;
fazendo que planejando;
vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.
"Um brinde meus queridos, um brinde ao delicioso prazer
que é viver."