Não é raro o dia em que vejo rostos refletindo descontentamento. Que não
ouço discursos de vidas demasiado pesado, que não vejo o peso que sentem diante
suas escolhas na vida pessoal e/ou profissional. Sei que mudar pode parecer
assustador, que fazer escolhas não é fácil, mas não fazê-los, me parece à única
escolha que não deveríamos fazer.
Tenho uma amiga, a Franciele, que tem 3 filhos e que está deixando a
segurança de seu lar, o que conhece decôr, seus amigos, seus pais, para tentar
junto o esposo e filhos, em Portugal, o novo. Ela me disse que além de ter de superar
o medo de avião, sem ter um “tostão” furado, quer o mundo, quer que os filhos
saibam que eles também podem ter o mundo e que seu medo é deixar aqui quem os
ama e quem é amado.
Eu lhe disse para não ter medo. Que os sentimentos não mudam por distâncias
geográficas. Que tudo dará certo, que tivesse coragem!
Então, lembrei de uma fábula que recebi em Belo Horizonte da
professora Nélia Matias de Farias que ministrava na rede de formação de
profissionais o curso gratuito de manicure e pedicure, do qual fiz parte,
embora tivesse um diploma de jornalista, que mudou minha percepção sobre a
forma como eu lidava com as escolhas e que espero que faça algum sentido para
vocês também.
“A bruxa e o
coelho viviam juntos na floresta. Um dia, a bruxa convidou o coelho para
acompanhá-la a outra floresta. O coelho não queria ir, mas nada disse. Foi
caminhando ao lado da bruxa, conversando. Após andarem por algum tempo, pararam
para descansar. O coelho disse: Estou com sede. A bruxa arrancou uma folha de
árvore, soprou-a e presenteou o coelho com uma cabaça cheia d água. O coelho
bebeu a água e nada disse. Continuaram a jornada. Ao pararem novamente, o
coelho disse: Estou com fome. A bruxa pegou uma pedra, soprou-a e a
transformou num punhado de rabanetes. Não era bem isso o que o coelho queria,
mas aceitou os rabanetes e comeu-os. Continuaram a jornada. Um pouco depois, o
coelho tropeçou e caiu, ferindo-se. A bruxa colheu folhas e pedras e, com
algumas palavras mágicas, fez um ungüento que friccionou no corpo do coelho. E
ficou ao lado dele até que ele melhorasse. Quando ele se curou, a bruxa
transformou-se numa águia, agarrou o coelho e levantou vôo, levando-o até seu
ninho e saiu voando outra vez. Ao voltar, não o encontrou mais. Um dia deu
de cara com o coelho na floresta e perguntou: Por que tem se escondido de mim? Saia
de perto de mim, gritou o coelho, tenho medo de você. Não gosto de você,
nem da sua mágica que vive impondo o que eu não quero! Os olhos da bruxa
encheram-se de lágrimas. Ela então disse ao coelho: Eu ajudei porque pensei que
fosse meu amigo. Você aceitou meus presentes mágicos e agora vira-se contra
mim! Por isso, vou amaldiçoá-lo. Deste dia em diante, quando você não expressar
os seus desejos, perderá a capacidade de desejar. E quando não tiver desejos e
sentir medo, aquilo de que você tem medo cairá sobre você. Moral da história:
Aquilo de que você sente medo cairá sobre você, e o que você temer, encontrará
você”
O fato é que muitos de nos vivemos à vida assim. Deixando acontecer. Mas,
tenha certeza, o que não desestabiliza não modifica. Não queira passar toda a
sua existência indo e vindo de um emprego do qual exerce sempre as mesmas
funções por medo. Não queira viver um casamento de fachada por que tem medo de
ficar só ou porque não quer lidar com divisão de bens. Não queira acordar triste
e dormir mais triste ainda porque sente um total descontentamento com sua vida.
Não aceite que agora é tarde para começar, para terminar, para aprender, para
fazer. Escolha!
Tudo na vida tem 50% de chance de dar certo. Não acredite em que te diz
que você não consegue. Tente. Arrisque mesmo quando não tem certeza alguma.
Não deixe que a maldição da bruxa recaia sobre você, pois você tem sim o
poder de escolher, escolha e seja de alguma forma, ou de todas as formas,
feliz!